Na Dor que Ressuscita

18.04.2014

desafiai o deserto
a fuga mundi
a desistência

arrancai ao caos
o canto livre

deixai a prisão
que pisa aos pés a vida
em nome da pós-vida

entrai no abismo do silêncio
que ilumina

esclarecei a distância
entre o poder e as verdades

pensai o acontecimento
a excepção, a mudança

entrai no Aberto
que a Palavra tece

querei o não-querer
que faz o pobre

largai a técnica
da autoflagelação
e do cálculo

o claro está no escuro
e na limitação passiva
do que nele fulgura
e leva ao Dia

meditai na vida
não na morte

a Páscoa está na dor
que ressuscita

JOSÉ AUGUSTO MOURÃO, OP, “vigiar”