Domingos: Governo, Espiritualidade e Liberdade

22.03.2015

Fr. Bruno Cadoré, Mestre da Ordem dos Pregadores, escreveu recentemente um comentário no âmbito do Jubileu da Ordem (1216-2016) sobre governo, espiritualidade, e liberdade — uma meditação conduzida a partir do fundador, Domingos de Gusmão. A tradução para português foi feita por mim e pode ser lida aqui ou aqui. Disponibilizo a visualização do texto no fim desta postagem.

Trata-se de um documento interno, mas público, que discorre sobre o governo da Ordem. Mas, por isso mesmo, não deixa de interpelar todos os cristãos, assim como qualquer ser humano preocupado com a necessidade e a dificuldade de vivermos em comunidade, encontrando a nossa plena liberdade nessa arte de conviver (viver com). Lê-se do documento que a fraternidade, sinal da nossa permanência na palavra de Jesus, fonte de verdade e da libertação, tem reflexos na centralidade e centralismo do processo democrático de discussão, deliberação, e acção:

Por esta razão, a nossa “vida religiosa capitular” é essencial para a nossa espiritualidade: cada membro da comunidade tem a sua própria voz, comprometendo-se com a busca comum pelo bem de todos, ajustada à missão de ser servidor da Palavra, e participando plenamente no governo da Ordem. Isto é democrático, não porque consista na designação do poder da maioria, mas porque consiste, antes, na busca democrática pela unanimidade. Este exercício da vida em comunidade é exigente, sabemos disso, porque chama cada um a nunca se esquivar da sua própria participação no diálogo envolvido nesta busca. Este exercício da vida em comunidade é exigente, sabemos disso, porque chama cada um a nunca se esquivar da sua própria participação no diálogo envolvido nesta busca. É exigente também, porque nos compromete a expressar, na verdade mais completa possível, posições e argumentos, mesmo a clarificar desentendimentos entre irmãos, mas com a certeza de que ninguém nunca será reduzido a uma opinião ou posição expressa, sendo sempre em primeiro lugar acolhido e amado como um irmão. É exigente, além disso, porque depois da busca paciente do ponto mais próximo possível da unanimidade, exige que todos os membros de uma comunidade participem com determinação na realização da decisão tomada por todos.

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